Tristeza e raiva: temos alguma dificuldade em lidar com estes dois estados. Por muito tempo pensei que estava a falhar se passasse por eles, que era culpa minha não conseguir controlar emoções e sentimentos ''tão básicos''. Cheguei mesmo a pensar que seria possível viver sem ter de experiênciar estas emoções se assim o quisesse. Efetivamente, estava a falhar. Mas estava a falhar em ver a tristeza e a raiva como sentimentos e emoções maus. Não são. São apenas isso mesmo: um sentimento e uma emoção.
O meu pai morreu há alguns anos atrás. Obviamente,nesses momentos, tudo parece negro e, inevitavelmente, sentimo-nos tristes e revoltados. No entanto, apesar de ter apenas 12 anos, lidei bastante bem com o que aconteceu. Agora que olho para trás e que vejo até onde cheguei e vejo como a minha vida é e como me sinto bem e feliz, vejo que tudo o que sou deveu-se em parte àquilo que me aconteceu a mim e à minha familia. Parece terrível dizer isto, mas acabei por fazer o melhor que pude para tornar a morte dele na melhor coisa que me aconteceu. Faço-o por ele e por mim. Fui capaz de transformar a tristeza e a raiva que me apareceram e é isso que conta: a capacidade que temos de mudar nós próprios e o mundo com aquilo que temos, quer seja bom ou mau.
É o que fazemos com as nossas emoções que vai mudar o curso da nossa vida.
A aprendizagem ocorre quando conseguimos retirar ensinamentos daquilo que nos acontece. Quando o conseguimos fazer, temos a nítida sensação de que estamos a crescer e a evoluir. Quase que sentimos o nosso organismo a reorganizar-se perante aquele ensinamento. Depois, temos sempre tendência para partilhar o que aprendemos na esperança de que outros possam também beneficiar daquilo que foi a nossa experiência. No entanto, existem algumas coisas que precisamos de perceber antes: partilhar experiências é ótimo e devemos encorajar a que isso aconteça de forma a promover um maior conhecimento, mas as experiências de cada um não podem nunca servir para delimitar a experiência do outro.
É necessário entender que as nossas experiências resultam de todas as particularidades que compõe a nossa vida. Não existem duas expêriencias de vida iguais porque não existem duas pessoas iguais com contextos e particularidades iguais, isto é, porque uma pessoa teve uma determinada experiência, isso não significa que eu vá ter exatamente a mesma experiência que ela.
Devemos contribuir com as nossas experiências para enriquecer e ajudar os outros a tomar as suas decisões, mas não podemos nem devemos querer forçar as conclusões que formamos acerca das nossas experiências aos outros, como se de verdades universais se tratassem.