Autorresponsabilização
O que é autorresponsabilização? É mais uma maneira de nos fazer sentir culpados ou é uma ferramenta poderosa? Primeiro, para mim é efetivamente uma ferramenta. É capaz de ajudar-nos? Se cada um a usar corretamente, é fantástica, se a usarem mal, vai custar-vos bastante, principalmente se acharem que o verdadeiro objetivo desta ferramenta é fazer-vos sentir culpados para mudarem. Não acredito que seja isso, acredito que seja, principalmente, para eu saber que tenho alguma espécie de controlo em relação ao que se passa à minha volta.
Eu entendi isto por níveis. No primeiro nível entendi que quando me acontecia algo, a primeira coisa a controlar era a minha reação. Nesta altura, via-me um pouco como um guerreiro num campo de batalha, sabia como reagir a tudo aquilo que viesse na minha direção. Ou seja, achamos que não temos controlo nenhum sobre aquilo que nos acontece mas temos todo o poder em relação à nossa reação. O único problema deste nível é que nos deixa tão preocupados em reagir corretamtente a situações adversas, que toda a nossa atenção fica focada em reagirmos positivamnete a acontecimentos negativos. Aqui entra o segundo nível. Russel Brand diz: "A realidade de uma pessoa é resultado da sua intenção e da sua atenção". Por isso, quando estamos tão preocupados em aprimorar a nossa capacidade de reagir corretamente, toda a nossa intenção está focada nesse aspeto e, consequentemente, apenas está focada em encontrar situações que propiciem essa aprendizagem. É esse o segundo nível: entender que, consciente ou inconscientemente, estamos a construir tudo o que se passa à nossa volta. Aqui entendemos que tudo o que ocorre à nossa volta, está dependente daquilo que são as nossas intenções, pensamentos, crenças, desejos, etc., e isto restringe a nossa atenção para que ela procure aquilo que estamos a pedir. Eu estou neste nível e posso dizer-vos que não é facil tentar controlar todos os pensamentos que me passam pela cabeça, mas é possível controlar esse turbilhão. Objetivos e meditação têm sido as minhas principais ferramentas para tentar centrar toda a minha atenção naquilo que quero e quando as coisas não correm bem e há algum pensamento que me traz uma situação mais complicada, eu tenho sempre controlo da maneira como escolho reagir.
Voltando à questão do início: todo este processo não serve para nos sentirmos culpados nem para dizer que estamos a falhar, serve essencialmente como uma fonte de esperança. Serve para dizer que é possível mudarmos as circunstâncias, mudarmos os nossos pensamentos e mudarmos aquilo que quisermos na nossa vida. Muitos destes processos acontecem inconscientemente, mas à medida que vamos crescendo e evoluíndo, a nossa consciência expande-se e mostra-nos coisas que antes nos estavam ocultas. No primeiro nível desvenda-se o nosso papel nas situações adversas. No segundo nível, desvenda-se a maneira como essas situações adversas surgiram como pensamentos na nossa cabeça e depois se materializaram.
Agora a questão que fica é, será que existem mais níveis? Quando conseguir descobrir, volto a escrever-vos.