O que é a intuição? Um mero impulso ou uma energia de construção? O que é que ela nos diz? Para mim é aquilo que nos faz andar para a frente, ou, pelo menos, é aquilo que nos devia fazer andar a todos para a frente. É uma voz que mora dentro da nossa cabeça e nos aponta o caminho a seguir. E não é algo que apenas algumas pessoas tem, todos nós temos acesso a esta voz, mas a maior parte de nós tem demasiado ruído dentro da cabeça para a conseguir ouvir. Ruído composto por todas aquelas ideias que construímos acerca de como é suposto sermos e agirmos. Ideias implantadas por nós e implantadas pelas expectativas que os outros tem de nós e que nós aceitamos. Ora, ficamos tão absorvidos em corresponder a ideias que nada tem que ver com quem verdadeiramnete somos que acabamos por esquecer aquela voz que está no fundo da nossa cabeça e que nos diz que o caminho que estamos a seguir não tem nada que ver com quem somos.
Sendo assim, a intuição é um GPS que todos trazemos e que nos leva para o caminho que verdadeiramnete queremos mas que temos demasiado medo para seguir. A intuição são os nossos sonhos mais incríveis, são as nossas metas de vida, são a razão pela qual nascemos. Todos nós estamos neste mundo por uma razão. E essa razão é-nos anunciada pela nossa intuição. Se formos corajosos o suficiente para ouvi-la então vamos alcançar coisas incríveis e que vão produzir um bem extraordinário ao mundo. Todos viemos a este mundo para ajudar a torná-lo um lugar melhor, mas apenas ouvindo o que a nossa intuição nos diz é que vamos chegar lá.
Se quiserem, a vossa intuição indica-vos qual é o vosso propósito de vida, qual é a vossa missão, a vossa vocação. Isto leva-vos a tornar o mundo um lugar melhor apenas por estarem a fazer aquilo de que mais gostam. Todo o ser humano tem um propósito e esse propósito beneficia sempre o mundo.
O que é autorresponsabilização? É mais uma maneira de nos fazer sentir culpados ou é uma ferramenta poderosa? Primeiro, para mim é efetivamente uma ferramenta. É capaz de ajudar-nos? Se cada um a usar corretamente, é fantástica, se a usarem mal, vai custar-vos bastante, principalmente se acharem que o verdadeiro objetivo desta ferramenta é fazer-vos sentir culpados para mudarem. Não acredito que seja isso, acredito que seja, principalmente, para eu saber que tenho alguma espécie de controlo em relação ao que se passa à minha volta.
Eu entendi isto por níveis. No primeiro nível entendi que quando me acontecia algo, a primeira coisa a controlar era a minha reação. Nesta altura, via-me um pouco como um guerreiro num campo de batalha, sabia como reagir a tudo aquilo que viesse na minha direção. Ou seja, achamos que não temos controlo nenhum sobre aquilo que nos acontece mas temos todo o poder em relação à nossa reação. O único problema deste nível é que nos deixa tão preocupados em reagir corretamtente a situações adversas, que toda a nossa atenção fica focada em reagirmos positivamnete a acontecimentos negativos. Aqui entra o segundo nível. Russel Brand diz: "A realidade de uma pessoa é resultado da sua intenção e da sua atenção". Por isso, quando estamos tão preocupados em aprimorar a nossa capacidade de reagir corretamente, toda a nossa intenção está focada nesse aspeto e, consequentemente, apenas está focada em encontrar situações que propiciem essa aprendizagem. É esse o segundo nível: entender que, consciente ou inconscientemente, estamos a construir tudo o que se passa à nossa volta. Aqui entendemos que tudo o que ocorre à nossa volta, está dependente daquilo que são as nossas intenções, pensamentos, crenças, desejos, etc., e isto restringe a nossa atenção para que ela procure aquilo que estamos a pedir. Eu estou neste nível e posso dizer-vos que não é facil tentar controlar todos os pensamentos que me passam pela cabeça, mas é possível controlar esse turbilhão. Objetivos e meditação têm sido as minhas principais ferramentas para tentar centrar toda a minha atenção naquilo que quero e quando as coisas não correm bem e há algum pensamento que me traz uma situação mais complicada, eu tenho sempre controlo da maneira como escolho reagir.
Voltando à questão do início: todo este processo não serve para nos sentirmos culpados nem para dizer que estamos a falhar, serve essencialmente como uma fonte de esperança. Serve para dizer que é possível mudarmos as circunstâncias, mudarmos os nossos pensamentos e mudarmos aquilo que quisermos na nossa vida. Muitos destes processos acontecem inconscientemente, mas à medida que vamos crescendo e evoluíndo, a nossa consciência expande-se e mostra-nos coisas que antes nos estavam ocultas. No primeiro nível desvenda-se o nosso papel nas situações adversas. No segundo nível, desvenda-se a maneira como essas situações adversas surgiram como pensamentos na nossa cabeça e depois se materializaram.
Agora a questão que fica é, será que existem mais níveis? Quando conseguir descobrir, volto a escrever-vos.
O que é uma crença? Há crenças boas? E más? Como é que elas funcionam? Primeiro, uma crença não passa de uma noção acerca do mundo. Servem para darmos sentido ao mundo em que vivemos e são por isso a coisa mais importante para nos construirmos o mundo. Os nossos sentidos ajudam-nos a construir metade da crença, observando o que se passa, e o cérebro acaba o trabalho. Mas uma crença NÃO corresponde à realidade, apenas corresponde à ideia que temos da realidade.
O filósofo diz que existem tantos mundos quanto pessoas e não há nada mais certo. O mundo é construido por nós e a realidade não tem muito que ver com o assunto. Se déssemos atenção à realidade, iríamos perceber que na verdade nós não sabemos grande coisa, apenas vamos racionalizando ao longo do caminho e tentando dar sentido a um mundo que não é passivel de ser absolutamnete desconstruído e entendido. Mas entender que não sabemos tudo e não ficarmos agarrados a crenças limitadoras talvez seja a melhor crença que se pode ter. Passando para a última questão que aqui coloquei, as crenças funcionam de uma maneira muito simples: são construídas pelos nossos sentidos e pela nossa interpretação e é a partir da nossa interpretação (aquela frase que adoramos usar: "isto funciona assim") que o mundo é construido.
O que aconteceu num determinado momento é transformado em algo interno e todo o nosso mundo funciona à volta dessa noção de funcionamento. Mais facilmente o que penso vai passar a reflletir-se na realidade. E assim funcionam as crenças.
Quanto ao facto de existirem crenças boas ou más: uma crença é má quando é usada para forçar pessoas a fazerem coisas de que não gostam. Tudo aquilo que as pessoas estejam obrigadas quer por lei ou pressão social são crenças que se podem considerar más. Sim, podemos dizer que as pessoas têm o poder da escolha, mas em algumas situações esta escolha não é propriamente 50-50. Uma crença implementada não permite outros caminhos, e por isso não está preparada para aqueles que não a querem seguir. Claro que podemos fazer a escolha de ir por outro lado, mas não me digam que essa é uma escolha equilibrada. É uma balança tendenciosa que nos empurra a todos para o mesmo sítio.
Já uma crença boa, muito simplesmente benefecia quem a tem (a parte mais importante) e quando é posta em prática benefecia as pessoas que a escolhem seguir também. E é isto que as difere. Deixem as pessoas escolher o caminho delas. O problema não são é o conteúdo das crenças, o problema são as pessoas que acham que as suas crenças são melhores do que as dos outros e depois tentam impingi-las a toda a gente. Cada uma faz o seu caminho, ao seu ritmo e à sua maneira. Tentar que essa pessoa faça o caminho que outro achava que era melhor, é matar a verdadeira essência do espirito humano que é ser livre para poder expandir-se e trazer mais conhecimento ao mundo.
Pessoas que escolheram não fazer o que nos é imposto, fizeram coisas tão maravilhosas que alteraram o mundo, por isso imaginem se vivessemos num mundo que encorajasse esse mesmo espirito aventureiro que todos temos dentro de nós.
A nossa capacidade de entender e dar significado ao mundo à nossa volta é aquilo que nos torna a todos humanos e ao mesmo tempo nos permite diferenciar uns dos outros. Todos sabemos que para entendermos uma pessoa precisamos de ver o mundo através dos seus olhos porque só assim o conseguimos entender verdadeiramente. Agora pensem nas implicações espetaculares que isto tem.
Primeiro: se todos temos visões diferentes da realidade significa que a realidade é algo que é definido por nós consciente ou inconscientemente. Segundo: a outra grande maravilha, é aquela de que eu já vos falei: nós podemos alterar as coisas. Podemos literalmente alterar a nossa realidade e torná-la melhor. O ser humano pode mudar o mundo à sua volta. E não, não estou apenas a falar em alterar a nossa perspectiva, estou a falar em alterar fisicamente o nosso mundo, torná-lo no ambiente em que queremos estar. Obviamente que no início a primeira coisa a alterar é a nossa maneira de ver o mundo, e consequentemente o nosso mundo físico vai mudar de forma a encaixar na nossa perspectiva.
Esperem, antes que comecem a achar que isto é impossível, todo este processo que estive a descrever já acontece a todos nós inconscientemente. À medida que vamos crescendo, a nossa maneira de ver o mundo vai-se alterando. Vamos formando novas ideias acerca da realidade e as mudanças que vão ocorrendo no ambiente que nos rodeia acompanham essa evolução. Como são processos inconscientes,não percebemos que na realidade não é o mundo á nossa volta que muda mas antes são as nossas ideias acerca da realidade que se alteram.
Como viver no presente? Mais importante ainda, como lidar com as experiências de que não gosto? Bem, a primeira coisa que precisam de fazer e que eu já referi no post anterior é que precisam de definir objetivos. É muito mais fácil entenderem o que vos está a acontecer agora se souberem quais são os vossos objetivos do que se estiverem completamente à deriva.
A segunda ideia e a mais importante para nós conseguirmos viver no presente é entender que tudo aquilo que nos está a acontecer é efetivamente para o nosso bem. Mas mais uma vez, é muito mais fácil perceber que algo é para o nosso bem quando sabemos quais são os nossos objetivos do que quando não sabemos. Muito simplesmente porque se eu souber qual o caminho que quero seguir é muito mais fácil entender que os desvios que vão surgindo ao longo do caminho me irão igualmente conduzir ao meu destino e não vou pensar que são mais um azar nos muitos que já tive ao longo da vida. Esta ideia é basilar para conseguir viver no presente e desfrutar verdadeiramente dele, pois se eu sentir que tudo o que me vai surgir no caminho é para me ajudar, vou aceitá-lo sem qualquer resistência. No fundo é acreditar que tudo vai dar certo.
E eu sei que agora devem estar a pensar coisas como: "Sim, isto é tudo muito giro e maravilhoso, mas então quer dizer que quando alguma coisa má acontecer que eu nao estava á espera eu tenho que interpretar isso como uma coisa boa?", " Mas então se eu estiver muito bem na minha vida e alguém me incomodar tanto que eu não consiga acalmar-me, a culpa é minha ?". É obvio que nós não somos o Spock do Star Trek, e não vamos conseguir responder a todas as situações usando a razão. E quando isto acontecer só temos que avaliar as consequências, para ver o que acontece quando reagimos de uma forma negativa ao presente. Mas, e esta é a parte mais importante de todas, é que todas as coisas que nos acontecem são para o nosso bem, mas às vezes vem com uns disfarces que nos testam a paciência. E a melhor parte (ou pior parte, depende da perspetiva) é que elas vão continuar a surgir até nos apercebermos e aprendermos. Mais uma vez, pensem nestas situações não como becos sem saída mas como desvios que vão enriquecer ainda mais o caminho.